quarta-feira, 14 de setembro de 2016

66. FAMÍLIA ESPIRITUAL

    


    Por mais que sejamos reservados em nossas atitudes, creio que todos possuímos colegas e AMIGOS em nossas vidas, afinal, somos todos seres sociais. Da mesma forma, imagino que quase todos nós, possuímos AMIGOS com os quais mantemos verdadeiros laços familiares...são os AMIGOS/IRMÃOS.
      Isto ocorre, pois somos regidos pelas leis da sintonia, pelas quais somos atraídos e atraímos, para nosso universo particular, espíritos encarnados e desencarnados, que possuem o mesmo tipo de frequência vibratória que nós mesmos, ou seja, nossos pensamentos e atitudes acabam nos fazendo ter afinidade e conviver, mesmo que não percebamos, com aqueles que tem o mesmo tipo de emanação mental .
      Além disso, nosso núcleo familiar consanguíneo é o primeiro agrupamento em que nos compete fazer o Bem. Mas não é o único, pois nossa família é a Humanidade inteira.

     Jesus explica o conceito de família espiritual na passagem do Evangelho de Mateus, capítulo 12, versículos 46 a 50:
       “Enquanto ele ainda falava à multidão, a mãe e os irmãos dele estavam de fora, procurando falar-lhe. E alguém disse-lhe: ‘olha, tua mãe e teus irmãos estão lá fora e procuram falar-te’. Mas ele respondeu ao que lhe falava: ‘quem é minha mãe e quem são meus irmãos’? E estendendo a mão para seus discípulos, disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos; porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe!’”
       Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, no Capítulo XIV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, assim analisa esta passagem evangélica:
       “Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.)
       Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” [1]

      Kardec, no mesmo diapasão, esclarece, no item 18 do Capítulo IV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
       “No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. (...) Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento.” [2]
       Na obra “Entre a Terra e o Céu”, Clarêncio orienta:
      “A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a elevação. Isso podemos verificar nos círculos da matéria mais densa. Temos constantemente corações que nos devotam estima e se consagram ao nosso bem.” [3]
       Naturalmente, essas passagens não nos devem jamais levar à conclusão de que a família em que ora encarnamos é de pouca importância. Não nascemos por acaso ou acidente em nenhum círculo familiar. Há pessoas que, em momentos de rebeldia, afirmam que “não pediram para nascer”. Contudo, ainda que não nos lembremos, a maioria da Humanidade terrestre pede novas chances de aprendizado e reparação, dentro de nossas possibilidades de maturidade moral e intelectual. Nascemos onde, quando e com quem precisávamos, como lemos, por exemplo, nas respostas às questões 184, 269, 334, 335, 338, 393, 572, 574, 950 e 986 de “O Livro dos Espíritos”.

       Portanto, temos, sim, de investir nosso melhor em nossa família consanguínea, pois certamente temos muito a aprender e muito bem a fazer a esses Espíritos. A lição trazida na passagem evangélica acima citada é que fazemos parte da família das Humanidades, não só de toda a Terra, mas de todo o Universo — e temos o dever de fazer o Bem a todos, a começar pela família que temos em casa, mas não restritos a ela. O Espírito Galileu corrobora essa ideia, no Capítulo VI de “A Gênese”:
       “Uma mesma família humana foi criada na universalidade dos mundos e os laços de uma fraternidade que ainda não sabeis apreciar foram postos a esses mundos. Se os astros que se harmonizam em seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão de encontrar temporariamente, segundo suas funções de vida, e encontrar de novo, segundo suas mútuas simpatias. É a grande família dos Espíritos que povoam as terras celestes; é a grande irradiação do Espírito divino que abrange a extensão dos céus e que permanece como tipo primitivo e final da perfeição espiritual.” [4]
       Espíritos de maior elevação moral e intelectual, os quais, por seu empenho no Bem, atingem o direito de viver em mundos mais felizes, não desfazem seus laços de afeição a quem amam e que, temporariamente, seguem vivendo na Terra ou em outros mundos de Espíritos em etapas evolutivas anteriores. Observemos o exemplo do Espírito denominado Samuel Filipe, pessoa sempre empenhada em fazer o melhor por seu semelhante, o que o qualificou a fazer uma transição tranquila para o mundo espiritual. Questionado sobre o local onde habitara quando evocado e sobre sua lembrança de seus entes queridos, assim argumentou:
       “P. Esse mundo tão novo e comparado ao qual nada vale o nosso, bem como os numerosos amigos que nele reencontrastes, fizeram-vos esquecer a família e amigos encarnados?
       — R. Se os tivesse esquecido seria indigno da felicidade de que gozo. Deus não recompensa o egoísmo, pune-o. O mundo em que me vejo pode fazer com que desdenhe a Terra, mas não os Espíritos nela encarnados. Somente entre os homens é que a prosperidade faz esquecer os companheiros de infortúnio. Muitas vezes venho visitar os que me são caros, exultando com a recordação que de mim guardaram; assisto às suas diversões, e, atraído por seus pensamentos, gozo se gozam ou sofro se sofrem.” [5]

       A Terra, apesar de ainda estar longe da condição de mundo feliz, vem demonstrando constante evolução. Kardec comenta a esse respeito em “A Gênese”, lançado em 06 de janeiro de 1868, já observando, há quase 143 anos, movimentos mais comumente divulgados nos dias atuais:
       “Hoje, a Humanidade está madura para lançar o olhar a alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de ideias mais amplas e compreender o que antes não compreendia. (...)
       Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de sentimentos mais humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para as justas pacíficas da inteligência.
       Falta, porém, a essas reformas uma base que permita se desenvolvam, completem e consolidem; falta uma predisposição moral mais generalizada, para fazer que elas frutifiquem e que as massas as acolham. Ainda aí há um sinal característico da época, porque há o prelúdio do que se efetuará em mais larga escala, à proporção que o terreno se for tornando mais favorável.” [6]
      Ao estudarmos as palavras de Jesus, assim como analisando, pela História, a redução das fronteiras entre os povos, bem como estudando, pela Física, a interligação de todos pelo Fluido Universal, sempre chegamos à mesma conclusão: todos somos filhos do mesmo Criador, e, portanto, uma única família, à qual nos compete auxiliar levando todo o Bem que sabemos praticar, e aprendendo para praticar todo o Bem que ainda nos caiba aprender.

Referências:

[1] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XIV, item 8.
[2] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo IV, item 18.
[3] XAVIER, Francisco Cândido. “Entre a Terra e o Céu”. 17.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1997. Cap. 33.
[4] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo VI, item 56.
[5] KARDEC, Allan. “O Céu e o Inferno”. 37.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Segunda parte, Capítulo II. Samuel Filipe.
[6] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo XVIII, itens 20 e 21.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

64. Conhecimento, Verdade e Liberdade.

 
"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência." Mahatma Gandhi
      
      Os termos conhecimento, verdade e liberdade, estão diretamente relacionados com a forma como nos relacionamos com as religiões.

       Eis algumas definições destes termos:

- Religião: na origem da palavra, religar ou conectar o homem a Deus.

- Conhecimento: Informações, experiência, discernimento, buscado pelas "ciências".

- Verdade: De acordo com a Bíblia, verdade são as palavras de Deus, as normas, os juízos. Aquilo qué é tido como certo. Real, sincero.

- Liberdade: Agir segundo a própria determinação. Poder agir sem maiores limitações dentro de uma sociedade organizada, sem invadir os limites do ''vizinho''.

       Tem uma frase interessante do pensador Elanklever que cita. "Liberdade não são folhas ao vento, mas o vento que toca as folhas" . 

     Muitas vezes por falta de dicionário, alguns julgam que Liberdade, queira dizer: Desobrigação, ou mesmo ociosidade. E isto muitas vezes este mal entendido, gera para os que tem esta interpretação, uma ''corrida'' pela busca da libertação como sendo  equivalente a busca pela desobrigação de responsabilidades. Libertando-se das ''amarras'' acabam tendendo ao nulo, inútil e fútil.

     Mas será que a Jesus e seus ensinos (Verdades) mudaram com o tempo?

    Claro que não...entretanto, através da corrupção de alguns seres humanos e da utilização da religião, como instrumento de realização de desejos e interesses particulares, se aproveitando de pessoas fragilizadas por vidas ou momentos difíceis, alguns preceitos básicos do Cristo têm sido substituídos por outros.
     
    Doutrina da caridade versus doutrina do ser e do ter.

    Mas aquele que busca com seriedade e atenção percebem claramente que os desígneos divinos, transmitidos por nosso mestre Jesus citam: O CAMINHO DE DEUS, e não uma religião especificamente, pois as religiões (conhecimentos), são humanas, mas a Fé (verdade) é divina.

   Neste aspecto podemos fazer algumas correlações:      - Caminho (ensinos, direção, veredas) de Deus para o ser humano.
      - Caminho do homem pelo próprio homem.
     - Caminho "JESUS", como luz, objetivo, sentido, propósito e modelo de vida. Como na citação: ''Eu sou o CAMINHO, a Verdade e a Vida''.

   Inclusive os Profetas corroboram: 
    - Isaías quando disse: Aplanai o CAMINHO
    - João Batista que pregou: E virá O CAMINHO
    - O Apóstolo Paulo dizendo: Prego O CAMINHO que chamam de seita. 

    Será que todos estavam errados? Mudaram o termo mais abrangente e fidedigno de CAMINHO para Religião A, B ou C, começando as placas de desvios e endurecimento do entendimento. Por isso acredito que cada ser humano tem seu caminho a seguir e, por consequência, se adaptará melhor a uma religião específica.

   Entretanto, para que a busca da felicidade e da elevação espiritual seja possível, independente da vertente religiosa, acredito que não podemos esquecer que somos todos CAMINHANTES e que, conforme nos diz João 8:32:
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
João 8:32
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
João 8:32
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
João 8:32

- E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
João 8:32
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará
João 8:32

   Por fim, gostaria de lembrar ainda que conforme João 2:8 o conhecimento verdadeiro já se encontra a nosso alcance:

- Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele e em vós;

porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz ilumina.


63. COMO VENCER AS MÁS TENDÊNCIAS!?

      


      "O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços? - Sim, e às vezes com pouco esforço; o que  lhe falta é a vontade. Ah, como são poucos  os que se esforçam." - (Questão 909 de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.)

      Quando Jesus, em Sua reconhecida sabedoria, sentenciou a célebre frase: "Ajuda-te que o céu te ajudará", estava informando à humanidade inteira a lei do esforço, pois ninguém, em época alguma, encontrará o sucesso ou as realizações que almeja sem oferecer sua cota de dedicação e perseverança.

      É do nosso conhecimento que fomos criados por Deus, simples e ignorantes, com a estrada aberta para conquistarmos a luminosidade de uma vida dentro dos padrões do equilíbrio ou para mergulharmos nas trevas da inércia, onde surgem os monstros vorazes da dor e do sofrimento.

      Em verdade, a escolha é totalmente nossa. A bondade divina nos assegura os recursos e nos oferece as condições devidas para que trabalhemos nossas potencialidades, mas a obrigação de fazer, ou o descuido de deixar de fazer determinadas coisas, será deliberação exclusivamente particular, própria de cada ser humano. Portanto, superar as más tendências que ainda insistem em nos manter no fundo do abismo dos desajustes é tarefa definitivamente nossa, onde deve entrar a força de vontade e o idealismo de sepultar os defeitos que temos e sairmos à cata das virtudes que ainda não possuímos.

      E ninguém, em sã consciência e perfeita lucidez de raciocínio, poderá afirmar que não tenha inúmeras falhas a serem sanadas, pois todos as temos, e com freqüência, de forma abundante.

      Aqui é a nossa língua que tem grande ansiedade em comentar sobre a vida alheia, cuidando de problemas que não são nossos, quase sempre deixando de lado os defeitos que possuímos e que estão a rogar corrigenda.

     Ali é a preguiça que ainda carregamos, criando dificuldades e nos prostrando no comodismo, ante as tarefas a serem realizadas, onde, via de regra, cobramos dos outros aquilo que também não fazemos.

     Mais além surgem a indisciplina e a maledicência gerando em nossa volta o desregramento natural de quem deseja viver sem rédeas, freios e limites, como se tudo pudéssemos e tudo nos fosse permitido.

      Noutro lugar aparece o inconformismo e mesmo a revolta contra os desígnios de Deus, onde por vezes gostaríamos que a mundo se curvasse aos nossos pés e que todos nossos sonhos e caprichos encontrassem a realização.

      Enfim, como criaturas imperfeitas que ainda somos, são tantos os defeitos a serem corrigidos, tantas as falhas a serem sanadas, que precisamos dispensar enormes esforços para que possamos obter êxito na batalha contra nossas más tendências.

      Assim, ao invés de ficarmos observando como vivem as pessoas, como procedem os homens, como atuam as criaturas, declinemos a mesma força, o mesmo ímpeto e a mesma dedicação para descobrir em nós mesmos onde estamos errando, quais são as nossas falhas e lancemo-nos, urgentemente, a saná-las, visando o nosso próprio bem.

      Jamais olvidemos que o esforço de cada um será sempre a alavanca firme que nos impulsionará pelos caminhos das conquistas e das realizações. Esforcemo-nos, portanto, e a paz e a felicidade que queremos estarão cada vez mais próximas.


Autor: Waldenir Aparecido Cuin

segunda-feira, 13 de junho de 2016

62. ALMAS AFINS


       

        Em homenagem ao dia dos namorados e a todos os casais que buscam a evolução e a felicidade no amor incondicional  e na vida em Família:
      "Duas almas são predestinadas quanto tem uma missão a cumprir juntas, e assim, por ter sido um encontro marcado lá do outro lado, onde pactuaram voltar, para se encontrarem e realizar determinada missão, sendo assim, quando as almas se encontram, tudo pode acontecer, podendo haver a explosão do amor não vivido em outras vidas.

      Este amor chega sem ter dia marcado ou momento marcado para acontecer. Simplesmente chega, e se instala, criando uma verdadeira orgia de sentimentos alegres, que modificam todos os propósitos e conceitos até então firmados. O encontro de duas almas tem como foco principal, não a aparência física, mas a afinidade entre elas existente, e o que o destino a elas destinou, como o porquê e o quando tudo deve acontecer. 

      Existem momentos de tristeza, causada por uma dúvida que machuca, que gostaria de saber o porquê de não se terem encontrado antes, ainda mais quando o momento desse encontro acontece quando não é mais possível extravasar toda a plenitude do amor que trazem, quando não é mais possível viver a alegria de amar e querer compartilhar a vida com o outro. Enfim, como essas almas se sentem sem a possibilidade de realizar este amor em total plenitude, o que causa um inexplicável sentimento de saudade de algo que não foi vivido. 

      Uma saudade doída de algo vivido em outras vidas, saudade daquilo que poderia ter sido, mas que por alguma razão não o foi. Reconhecem, porém, que não haverá retorno para suas pretensões, e mesmo estando distantes, entendem a alegria, a tristeza, o querer um do outro. Estas almas falam além das palavras, e aliás, delas não precisam, pois se comunicam, se encontram, se amam pelo éter, pelo espaço sideral. São encontros etéricos.

      Se o reencontro ocorrer no tempo certo, estas almas afins se entrelaçam e buscam a forma de juntas ficarem, num processo contínuo de reaproximação até a consumação do resgate daquilo que vieram cumprir. Se diferente for, se o reencontro ocorre num espaço de tempo diferente do que suas realidades possam permitir, ainda assim estas almas ficam marcadas, e nunca conseguirão se separar, mesmo que os corpos se separem, elas continuarão a se sentir, pois almas que assim se encontram não mais se sentirão sozinhas, pois reconhecerão a necessidade que têm uma da outra para toda a eternidade. 

      São almas que atravessam os tempos, as muitas passagens, buscando o resgate final de seu amor, até que em determinada passagem conseguem cumprir o resgate, tendo então seu descanso final, quando conseguem ter um lindo dia."
 

Autor:
Marcial Salaverry

domingo, 8 de maio de 2016

61. SER MÃE, SEGUNDO O ESPIRITISMO.


            
               Que deve fazer a mãe terrestre para cumprir evangelicamente os seus deveres, conduzindo os filhos para o bem e para a verdade?
          - No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
             Dentro dessa esfera de trabalho, na mais santificada tarefa de renúncia pessoal, a mulher cristã acende a verdadeira luz para o caminho dos filhos através da vida.
               A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, o Pai de Infinita Bondade, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores do mundo, existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura.
                 A mãe terrestre deve compreender antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus.
                 Desde a infância, deve prepara-los para o trabalho e para a luta que os esperam.
          Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.
          Deve sentir os filhos de outras mães como se fossem os seus próprios, sem guardar, de modo algum, a falsa compreensão de que os seus são melhores e mais altamente aquinhoados que os das outras.
          Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos.
          Sacrificar-se de todos os modos ao seu alcance, sem quebrar o padrão de grandeza espiritual de sua tarefa, pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício é falta grave.
          Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio, para que sejam igualmente amparados no mundo, na hora de amargura que os espera, comum a todos os espíritos encarnados.
          Nos problemas da dor e do trabalho, da provação e da experiência, não deve dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do mundo.
          Será ele no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a fonte de harmonia para todos.
          Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, transmitindo aos que a cercam os dons sublimes da humildade e da perseverança, sem qualquer preocupação pelas gloriosas efêmeras da vida material.
          Cumprindo esse programa de esforço evangélico, na hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas entregar o fruto de seu labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e abençoarão as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar.
 
Autor: Emmanuel
Fonte: O Consolador

sábado, 23 de abril de 2016

60. HUMOR E ESPIRITISMO

     

      Quem disse que temas religiosos ou, mais especificamente, espíritas não podem ser tratados de forma leve e bem humorada? Para os que gostariam de ver este tipo de abordagem o link abaixo é um bom exemplo de que isso é possível:

sexta-feira, 8 de abril de 2016

59. A PONTE DE LUZ

     
      Terminara Jesus a prédica no monte; Nisso, o apóstolo Pedro se aproxima E diz-lhe:
 
     "Senhor, existe alguma ponte que nos conduza ao Alto, ao Céu que brilha muito acima? Conforme ouvi de tua própria voz, sei que o Reino do Amor está dentro de nós... Mas deve haver, no Além, o País da Beleza, mais sublime que o Sol, em fulgor e grandeza... Onde essa ligação, Senhor, esse divino acesso?"

     Jesus silenciou, como entrando em recesso da palavra de luz que lhe fluía a jorro... Circunvagou o olhar pelas pedras do morro e, depois de comprida reflexão, falou ao companheiro:
 
     "Ouve, Simão, em verdade, essa ponte que imaginas existe para a Vida Soberana, mas temos de atingi-la por estrada que não é bem a antiga estrada humana."

     "Como será, Senhor, esse caminho?" tornou Simão a perguntar.

     E Jesus respondeu sem hesitar: - "Coração que o escolha, às vezes, vai sozinho, e quase que não tem senão renúncia e dor, solidão e amargura... E com quanto pratique e viva a lei do bem, sofre o assédio do mal que o vergasta e procura reduzi-lo à penúria e a desfalecimento.

     Quem busca nesta vida transitória, essa ponte de luz para a eterna vitória, conhecerá de perto o sofrimento, e há de saber amar aos próprios inimigos, não contará percalços nem perigos para servir aos semelhantes, viverá para o bem a todos os instantes e mesmo quando o mal pareça o vencedor, confiando-se a Deus, doará mais amor...

     E ainda que a morte, Pedro, se lhe imponha, na injustiça ferindo-lhe a vergonha, aceitará pedradas sem ferir, desculpará injúria e humilhação se deseja elevar o coração à ponte para o Reino do Porvir..."

    Alguns dias depois, o Cristo flagelado, entregue à própria sorte encontrava na cruz o impacto da morte, silencioso, sozinho, desprezado...


     Terminada que foi a gritaria da multidão feroz naquele dia, ante o Céu anunciando aguaceiro violento, Pedro foi ao Calvário, aflito e atento, envergando disfarce... Queria ver o Mestre, aproximou-se para sentir-lhe o extremo desconforto... Simão chorou ao ver o amigo morto. E ao fitá-lo, magoado, longamente ele ouviu, de repente, uma voz a falar-lhe das Alturas:

     "Pedro, segue, não temas, crê somente!... Recorda os pensamentos teus e meus... Esta cruz que me arrasa e me flagela é a ponte que sonhavas, alta e bela, para o Reino de Deus."




(Do livro "A vida conta", de Francisco Cândido Xavier - Maria Dolores)

sábado, 2 de abril de 2016

58. GRANDES REVELAÇÕES DE CHICO XAVIER SOBRE O DESTINO DA TERRA

PODEREMOS DAR UM SALTO EM 2019, COM INTERAÇÃO E AJUDA INTERPLANETÁRIA OU TER UM ATRASO DE 1000 ANOS, SÓ DEPENDE DE NÓS.


       O prestigiado jornal Folha Espírita de maio/11 traz uma revelaçãofeita em 1986, pelo médiumFrancisco Cândido Xavier a Geraldo Lemos Neto, fundador da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo (MG) e da Vinha de Luz Editora, de Belo Horizonte/MG, sobre o futuro reservado ao planeta Terra e a todos os seus habitantes nos próximos anos. Marlene Nobre pelo FE,entrevista Lemos Neto, que disse carregar este fardo há muito tempo (25 anos), cumprindo agora o dever de revelá-lo em sua completude. Diz que, em 1986, quando dessa conversa com o Chico, sentiu que sua mente estava recebendo um tratamento mnemônico diferente para que não viesse a esquecer aquelas palavras proféticas, e que seria chamado a testemunhá-las no momento oportuno, que chegou.
      Conhecendo a seriedade dos confrades Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto, sendo que o profeta em questão é nada menos que Chico Xavier, e tendo em vista o teor das considerações a respeito, reputo da mais alta importância a divulgação dessa revelação apocalíptica. É a razão pela qual estou encaminhando esse e-mail a tantos companheiros.
       Copiei as partes principais da longa entrevista, mantendo o texto fiel ao que consta do jornal em sua maior parte, sem me ater em pormenores de forma para não estender demais essas palavras. Os grifos no texto são meus.A íntegra pode ser lida no exemplar nº 439, ano XXXV, de maio de 2011 do jornal Folha Espírita.
      Entendo ser um momento de muita reflexão de todo o movimento espírita e, acima de tudo, de muita prece, com muito otimismo, positivismo e serenidade, enfatizando-se a necessidade de um maior esforço individual e coletivo de renovação. Os jornais espíritas em geral deveriam encartar em seu corpo o referido exemplar do FE, ou pedir autorização para transcrever a matéria em questão, visando dar a mais ampla divulgação.
                                                                                                                                          Fraternalmente.
Paulo Marinho – CEAE-Genebra


      (...) Assim, tive a felicidade de conviver na intimidade com Chico Xavier, dialogando com ele vezes sem conta, madrugada a dentro, sobre variados assuntos de nossos interesses comuns, notadamente sobre esclarecimentos palpitantes acerca da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho de Jesus.
      Um desses temas foi em relação ao Apocalipse, do Novo Testamento. (...) Desde então, Chico tinha sempre uma ou outra palavra esclarecedora sobre o assunto. Numa dessas conversas, lembrando o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo espírito Humberto de Campos, Lemos Neto externou ao Chico sua dúvida quanto ao título do livro, uma vez que ainda naquela ocasião, em meados da década de 80, o Brasil vivia às voltas com a hiperinflação, a miséria, a fome, as grandes disparidades sociais, o descontrole político e econômico, sem falar nos escândalos de corrupção e no atraso cultural.
      Lembro-me, como hoje, a expressão surpresa do Chico me respondendo: “Ora, Geraldinho, você está querendo privilégios para a Pátria do Evangelho, quando o fundador do Evangelho, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, viveu na pobreza, cercado de doentes e necessitados de toda ordem, experimentou toda a sorte de vicissitudes e perseguições para ser supliciado quase abandonado pelos seus amigos mais próximos e morrer crucificado entre dois ladrões? Não nos esqueçamos de que o fundador do Evangelho atravessou toda sorte de provações, padeceu o martírio da cruz, mas depois ele largou a cruz e ressuscitou para a Vida Imortal! Isso deve servir de roteiro para a Pátria do Evangelho. Um dia haveremos de ressuscitar das cinzas de nosso próprio sacrifício para demonstrar ao mundo inteiro a imortalidade gloriosa!”
      Na seqüência da nossa conversa, perguntei ao Chico o que ele queria exatamente dizer a respeito do sacrifício do Brasil. Estaria ele a prever o futuro de nossa nação e do mundo? Chico pensou um pouco, como se estivesse vislumbrando cenas distantes e, depois de algum tempo, retornou para dizer-nos: “Você se lembra, Geraldinho, do livro de Emmanuel A Caminho da Luz? Nas páginas finais da narrativa de nosso benfeitor, no capítulo XXIV, cujo título é O Espiritismo e as Grandes Transições, Emmanuel afirmara que os espíritos abnegados e esclarecidos falavam de uma nova reunião da comunidade das potências angélicas do Sistema Solar, da qual é Jesus um dos membros divinos, e que a sociedade celeste se reuniria pela terceira vez na atmosfera terrestre, desde que o Cristo recebeu a sagrada missão de redimir a nossa humanidade, para, enfim, decidir novamente sobre os destinos do nosso mundo.
      Pois então, Emmanuel escreveu isso nos idos de 1938 e estou informado que essa reunião de fato já ocorreu. Ela se deu quando o homem finalmente ingressou na comunidade planetária, deixando o solo do mundo terrestre para pisar pela primeira vez o solo lunar. O homem, por seu próprio esforço, conquistou o direito e a possibilidade de viajar até a Lua, fato que se materializou em 20 de julho de 1969. Naquela ocasião, o Governador Espiritual da Terra, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, ouvindo o apelo de outros seres angelicais de nosso Sistema Solar, convocara uma reunião destinada a deliberar sobre o futuro de nosso planeta. O que posso lhe dizer, Geraldinho, é que depois de muitos diálogos e debates entre eles foram dadas diversas sugestões e, ao final do celeste conclave, a bondade de Jesus decidiu conceder uma última chance à comunidade terráquea, uma última moratória para a atual civilização no planeta Terra. Todas as injunções cármicas previstas para acontecerem ao final do século XX foram então suspensas, pela Misericórdia dos Céus, para que o nosso mundo tivesse uma última chance de progresso moral.
      O curioso é que nós vamos reconhecer nos Evangelhos e no Apocalipse exatamente este período atual, em que estamos vivendo, como a undécima hora ou a hora derradeira, ou mesmo a chamada última hora”.
      Extremamente curioso com o desenrolar do relato de Chico Xavier, perguntei-lhe sobre qual fora então as deliberações de Jesus, e ele me respondeu: “Nosso Senhor deliberou conceder uma moratória de 50 anos à sociedade terrena, a iniciar-se em 20 de julho de 1969, e, portanto, a findar-se em julho de 2019. Ordenou Jesus, então, que seus emissários celestes se empenhassem mais diretamente na manutenção da paz entre os povos e as nações terrestres, com a finalidade de colaborar para que nós ingressássemos mais rapidamente na comunidade planetária do Sistema Solar, como um mundo mais regenerado, ao final desse período.
      Algumas potências angélicas de outros orbes de nosso Sistema Solar recearam a dilação do prazo extra, e foi então que Jesus, em sua sabedoria, resolveu estabelecer uma condição para os homens e as nações da vanguarda terrestre. Segundo a imposição do Cristo, as nações mais desenvolvidas e responsáveis da Terra deveriam aprender a se suportarem umas às outras, respeitando as diferenças entre si, abstendo-se de se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear. A face da Terra deveria evitar a todo custo a chamada III Guerra Mundial. Segundo a deliberação do Cristo, se e somente se as nações terrenas, durante este período de 50 anos, aprendessem a arte do bem convívio e da fraternidade, evitando uma guerra de destruição nuclear, o mundo terrestre estaria enfim admitido na comunidade planetária do Sistema Solar como um mundo em regeneração. Nenhum de nós pode prever, Geraldinho, os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019, se apenas soubermos defender a paz entre nossas nações mais desenvolvidas e cultas!”
      Perguntei, então ao Chico a que avanços ele se referia e ele me respondeu: “Nós alcançaremos a solução para todos os problemas de ordem social, como a solução para a pobreza e a fome que estarão extintas; teremos a descoberta da cura de todas as doenças do corpo físico pela manipulação genética nos avanços da Medicina; o homem terrestre terá amplo e total acesso à informação e à cultura, que se fará mais generalizada; também os nossos irmãos de outros planetas mais evoluídos terão a permissão expressa de Jesus para se nos apresentarem abertamente, colaborando conosco e oferecendo-nos tecnologias novas, até então inimagináveis ao nosso atual estágio de desenvolvimento científico; haveremos de fabricar aparelhos que nos facilitarão o contato com as esferas desencarnadas, possibilitando a nossa saudosa conversa com os entes queridos que já partiram para o além-túmulo; enfim estaríamos diante de um mundo novo, uma nova Terra, uma gloriosa fase de espiritualização e beleza para os destinos de nosso planeta.”

      Então perguntei a ele: Chico, até agora você tem me falado apenas da melhor hipótese, que é esta em que a humanidade terrestre permaneceria em paz até o fim daquele período de 50 anos. Mas, e se acontecer o caso das nações terrestres se lançarem a uma guerra nuclear? “Ah! Geraldinho, caso a humanidade encarnada decida seguir o infeliz caminho da III Guerra Mundial, uma guerra nuclear de conseqüências imprevisíveis e desastrosas, aí então a própria mãe Terra, sob os auspícios da Vida Maior, reagirá com violência imprevista pelos nossos homens de ciência. O homem começaria a III Guerra, mas quem iria terminá-la seriam as forças telúricas da natureza, da própria Terra cansada dos desmandos humanos, e seríamos defrontados então com terremotos gigantescos; maremotos e ondas (tsunamis) conseqüentes; veríamos a explosão de vulcões há muito tempo extintos; enfrentaríamos degelos arrasadores que avassalariam os pólos do globo com trágicos resultados para as zonas costeiras, devido à elevação dos mares; e, neste caso, as cinzas vulcânicas associadas às irradiações nucleares nefastas acabariam por tornar totalmente inabitável todo o Hemisfério Norte de nosso globo terrestre.”


      Segundo o médium, “em todas as duas situações, o Brasil cumprirá o seu papel no grande processo de espiritualização planetária. Na melhor das hipóteses, nossa nação crescerá em importância sociocultural, política e econômica perante a comunidade das nações. Não só seremos o celeiro alimentício e de matérias-primas para o mundo, como também a grande fonte energética com o descobrimentode enormes reservas petrolíferas que farão da Petrobras uma das maiores empresas do mundo”.
      E prosseguiu Chico: “O Brasil crescerá a passos largos e ocupará importante papel no cenário global, e isso terá como consequência a elevação da cultura brasileira ao cenário internacional e, a reboque, os livros do Espiritismo Cristão, que aqui tiveram solo fértil no seu desenvolvimento, atingirão o interesse das outras nações também. Agora, caso ocorra a pior hipótese, com o Hemisfério Norte do planeta tornando-se inabitável, grandes fluxos migratórios se formariam então para o Hemisfério Sul, onde se se situa o Brasil, que então seria chamado mais diretamente a desempenhar o seu papel de Pátria do Evangelho, exemplificando o amor e a renúncia, o perdão e a compreensão espiritual perante os povos migrantes.
      A Nova Era da Terra, neste caso, demoraria mais tempo para chegar com todo seu esplendor de conquistas científicas e orais, porque seria necessário mais um longo período de reconstrução de nossas nações e sociedades, forçadas a se reorganizarem em seus fundamentos mais básicos.”
      Pergunta Marlene Nobre pela Folha Espírita - Segundo Chico Xavier, esses fluxos migratórios seriam pacíficos? Geraldo - Infelizmente não. Segundo Chico me revelou, o que restasse da ONU acabaria por decidir a invasão das nações do Hemisfério Sul, incluindo-se aí obviamente o Brasil e o restante da América do Sul, a Austrália e o sul da África, a fim de que nossas nações fossem ocupadas militarmente e divididas entre os sobreviventes do holocausto no Hemisfério Norte. Aí é que nós, brasileiros, iríamos ser chamados a exemplificar a verdadeira fraternidade cristã, entendendo que nossos irmãos do Norte, embora invasores a “mano militare”, não deixariam de estar sobrecarregados e aflitos com as consequências nefastas da guerra e das hecatombes telúricas, e, portanto, ainda assim, devendo ser considerados nossos irmãos do caminho, necessitados de apoio e arrimo, compreensão e amor.
      Neste ponto da conversa, Chico fez uma pausa na narrativa e completou: “Nosso Brasil como o conhecemos hoje será então desfigurado e dividido em quatro nações distintas. Somente uma quarta parte de nosso território permanecerá conosco e aos brasileiros restarão apenas os Estados do Sudeste somados a Goias e ao Distrito Federal. Os norte-americanos, canadenses e mexicanos ocuparão os Estados da Região Norte do País, em sintonia com a Colômbia e a Venezuela. Os europeus virão ocupar os Estados da Região Sul do Brasil unindo-os ao Uruguai, à Argentina e ao Chile. Os asiáticos, notadamente chineses, japoneses e coreanos, virão ocupar o nosso Centro-Oeste, em conexão com o Paraguai, a Bolívia e o Peru. E, por fim, os Estados do Nordeste brasileiro serão ocupados pelos russos e povos eslavos. Nós não podemos nos esquecer de que todo esse intrincado processo tem a sua ascendência espiritual e somos forçados a reconhecer que temos muito que aprender com os povos invasores.
      Vejamos, por exemplo: os norte-americanos podem nos ensinar o respeito às leis, o amor ao direito, à ciência e ao trabalho. Os europeus, de uma forma geral, poderão nos trazer o amor à filosofia, à música erudita, à educação, à história e à cultura. Os asiáticos poderão incorporar à nossa gente suas mais altas noções de respeito ao dever, à disciplina, à honra, aos anciãos e às tradições milenares. E, então, por fim, nós brasileiros, ofertaremos a eles, nossos irmãos na carne, os mais altos valores de espiritualidade que, mercê de Deus, entesouramos no coração fraterno e amigo de nossa gente simples e humilde, essa gente boa que reencarnou na grande nação brasileira para dar cumprimento aos desígnios de Deus e demonstrar a todos os povos do planeta a fé na Vida Superior, testemunhando a continuidade da vida além-túmulo e o exercício sereno e nobre da mediunidade com Jesus”.

      FE: O Brasil, embora sofrendo o impacto moral dessa ocupação estrangeira, estaria imune aos movimentos telúricos da Terra? Geraldinho – Infelizmente, não. Segundo Chico Xavier, o Brasil não terá privilégios e sofrerá também os efeitos de terremotos e tsunamis, notadamente nas zonas costeiras. Acontece que de acordo com o médium, o impacto por aqui será bem menor se comparado com o que sobrevirá no Hemisfério Norte do planeta.
      FE - Você também crê que a ida do homem à Lua, em julho de 1969, tenha precipitado de certa forma a preocupação com as conquistas científicas dos humanos, que poderiam colocar em risco o equilíbrio do Sistema Solar?
      Geraldinho – sim, creio que a revelação de Chico Xavier a respeito traz, nas entrelinhas, essa preocupação celeste quanto às possíveis interferências dos humanos terráqueos nos destinos do equilíbrio planetário em nosso Sistema Solar. Pelo que Chico Xavier falou, alguns dos seres angélicos de outros orbes planetários não estariam dispostos a nos dar mais este prazo de 50 anos, que vencerá daqui a apenas oito anos, temerosos talvez de nossas nefastas e perniciosas influências. Essa última hora bem que poderia ser por nós considerada como a última bênção misericordiosa de Jesus Cristo em nosso favor, uma vez que, pela explicação de Chico Xavier, foi ele, Nosso Senhor, quem advogou em favor de nossa causa, ainda mais uma vez.
      Outra decisão dos benfeitores espirituais da Vida Maior foi a que determinou que, após o alvorecer do ano 2000 da Era Cristã, os espíritos empedernidos no mal e na ignorância não mais receberiam a permissão para reencarnar na face da Terra. Reencarnar aqui, a partir dessa data equivaleria a um valioso prêmio justo, destinado apenas aos espíritos mais fortes e preparados, que souberam amealhar, no transcurso de múltiplas reencarnações, conquistas espirituais relevantes como a mansidão, a brandura, o amor à paz e à concórdia fraternal entre povos e nações. Insere-se dentro dessa programação de ordem superior a própria reencarnação do mentor espiritual de Chico Xavier, o espírito Emmanuel, que, de fato, veio a renascer, segundo Chico informou a variados amigos mais próximos, exatamente no ano 2000. Certamente, Emmanuel, reencarnado aqui no coração do Brasil, haverá de desempenhar significativo papel na evolução espiritual de nosso orbe.
      Todos os demais espíritos, recalcitrantes no mal, seriam então, a partir de 2000, encaminhados forçosamente à reencarnação em mundos mais atrasados, de expiações e de provas aspérrimas, ou mesmo em mundos primitivos, vivenciando ainda o estágio do homem das cavernas, para poderem purgar os seus desmandos e a sua insubmissão aos desígnios superiores. Chico Xavier tinha conhecimento desses mundos para onde os espíritos renitentes estariam sendo degredados. Segundo ele, o maior desses planetas se chamaria Kírom ou Quírom.
      É a nossa última chance, é a última hora... Não há mais tempo para o materialismo. Não há mais tempo para ilusões ou enganos imediatistas. Ou seguiremos com a Luz que efetivamente buscarmos, ou nos afundaremos nas sombras de nossa própria ignorância. Que será de nós? A resposta está em nosso livre-arbítrio, individual e coletivo. É A nossa escolha de hoje que vai gerar o nosso destino. Poderemos optar pelo melhor caminho, o da fraternidade, da sabedoria e do amor, e a regeneração chegará para nós de forma brilhante a partir de 2019; ou poderemos simplesmente escolher o caminho do sofrimento e da dor e, neste caso infeliz, teremos um longo período de reconstrução que poderá durar mais de mil anos, segundo Chico Xavier. Entretanto, sejamos otimistas. Lembremo-nos que deste período de 50 anos já se passaram 42 anos em que as nações mais desenvolvidas e responsáveis do planeta conseguiram se suportar umas às outras sem se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear. Essa era a pré-condição imposta por Jesus.


      Não estamos entregues à fatalidade nem predeterminados ao sofrimento. Estamos diante de uma encruzilhada do destino coletivo que nos une à nossa casa planetária, aqui na Terra. Temos diante de nós dois caminhos a seguir. O caminho do amor e da sabedoria nos levará a mais rápida ascensão espiritual coletiva. O caminho do ódio e da ignorância acarretar-nos-á mais amplo dispêndio de séculos na reconstrução material e espiritual de nossas coletividades. Tudo virá de acordo com nossas escolhas de agora, individuais e coletivas. Oremos muito.
      O próprio Emmanuel, através de Chico Xavier, respondendo a uma entrevista já publicada em livro nos diz que as profecias são reveladas aos homens para não serem cumpridas. São na realidade um grande aviso espiritual para que nos melhoremos e afastemos de nós a hipótese do pior caminho.

57. ANTE AS CRÍTICAS

      

      Ante as críticas que recebas ao teu trabalho, continua trabalhando, e o teu próprio trabalho se incumbirá de respondê-las com argumentação irrefutável.
       Ante as críticas assacadas contra a Doutrina, não te exaltes, porquanto o tempo é o invencível defensor da Verdade.
       Somente a crítica sincera merece resposta. Quem agride demonstra fragilidade.
       Às críticas bem intencionadas, Allan Kardec sempre respondeu à altura, aproveitando o ensejo para dirimir dúvidas e esclarecer de forma mais ampla quanto aos pontos essenciais do Espiritismo.
       Os detratores de uma idéia são aqueles que mais colaboram em sua propaganda. Vejamos o exemplo do auto-de-fé em Barcelona, quando as obras espíritas foram incineradas em praça pública...com aquela medida extrema, atentatória à liberdade de pensamento, a Doutrina foi manchete nos jornais da época e todos quiseram conhecer o conteúdo dos livros que a Igreja confiscara a condenara às chamas da fogueira inquisitorial.
       Não percamos a serenidade ante os que atacam a fé espírita, procurando confundir a opinião pública, deturpando propositadamente os seus postulados.
       A fonte, em suas origens, não pode ser maculada por aqueles que lhe atirem calhaus, à distância...Codificada, a Doutrina encontra-se resguardada contra os seus adversários, já que a qualquer tempo poderá ser consultada em suas bases.
       Não nos deixemos embaraçar pela maledicência.
       De passo firme, sigamos adiante, edificando dentro de nós a fortaleza intransponível do dever realmente cumprido.
       O que teríamos de melhor a fazer, afora o trabalho espírita que aguarda o concurso de nossas mãos?! Não estivessem os nossos caminhos claramente delineados pela Doutrina, por que atalhos escuros estaríamos nos perdendo, neste exato momento?!
       Surdos à zoada em torno, atentemos para a Voz que conclama à frente...
       Lutas?! Haveremos de enfrentá-las sempre, principalmente com aqueles que não querem o nosso progresso. Os que não puderem nos acompanhar os passos pelejarão para reter-nos na retaguarda.
       Falando ao jovem Timóteo, asseverou Paulo: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e provocação, difamação, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.”
       Desembaracemo-nos de quem, segundo o apóstolo, “tem mania por questões e contendas de palavras”. Não nos deixemos envolver pelos detalhes, esquecendo o que é essência.
       Ouçamos as críticas, verificando o que tenham de aproveitável; anotemos as observações e advertências que nos sejam feitas, procurando corrigir-nos no que for necessário; mas não nos deixemos contagiar por elas, no que podem representar em desalento e tristeza, amargura e descrença aos nossos propósitos de trabalhar e servir.


            (De “Seara de Luz”, de Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Irmão José)


sábado, 19 de março de 2016

56. AQUISIÇÃO DA CONSCIÊNCIA



       O momento da conscientização, isto é, o instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano. Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.
     Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências, tornando suas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranquilidade. Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações. Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos.
     Se analisarmos a conduta de um especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas aditivas, e que, apesar disso, usa ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispõem de valor para fomentar uma conduta saudável. 邐潎浲污退慆x0邐1
     Por extensão, a pessoa a que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascaradas de inteligência.
     Outros indivíduos, não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício.
     A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo, por conseqüência, o próprio bem. O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.
     Herdeiro de si mesmo, das experiências transadas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores somando conquista. Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidades limitadoras, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos. Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.
    A aquisição da consciência é desafio da vida, que merece exame, consideração e trabalho.

(Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Momentos de Consciência. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis)


quinta-feira, 17 de março de 2016

55. DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR...E A DEUS O QUE É DE DEUS


54. Rodolfo Calligaris e a História do Espiritismo


          O ESPIRITISMO PROPRIAMENTE dito, coordenado sob o tríplice aspecto de Ciência, Filosofia e Religião, só existe há pouco mais de um século, ou, mais precisamente, a partir de 18 de abril de 1857, data em que se deu a publicação de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.
           Os fenômenos sobre que ele se apóia, porém (atribuídos à ação dos Espíritos), pode dizer-se que remontam aos primeiros dias da existência do homem na Terra. A literatura mais antiga que se conhece a eles se refere, ora sob a forma de lendas e alegorias, ora de maneira clara e positiva. Na Índia, a prática da evocação dos mortos sempre existiu e ainda hoje existe, principalmente na casta sacerdotal.
           No antigo Egito os mortos tinham grande influência sobre os vivos: imiscuíam-se nos negócios mundanos, obsediavam, manifestavam sua presença e sua ação por diversas formas (Ermann, “A Religião Egípcia”). Maspero, em Estudos Egiptológicos, conta que há em Leide um papiro datando da 58 dinastia (3500-3300 a.C.), onde se narra que um viúvo caiu gravemente enfermo por atuação da falecida esposa, que lhe conservava grande rancor.
          Na literatura e na história da Grécia e de Roma encontram-se, em abundância, casos de comunicações com as almas trespassadas. Segundo Homero, Ulisses valia-se da mediunidade de Circe para interrogar o Espírito Tirésia, o de sua mãe e de vários outros defuntos, e todos lhe respondiam claramente (“Odisséia”, X e XI). Em uma obra ainda hoje lida pelos eruditos, Plínio, o Moço, relata o caso do espectro de Atenas, em virtude do qual Atenodoro adquiriu uma casa a preço irrisório. Esse filósofo, na primeira noite em que a ocupou, estando a ler e escrever como de costume, ouviu um ruído semelhante ao arrastar de correntes.
          Erguendo os olhos, viu um velho, triste, carregado de ferros, que se aproximou e lhe fez sinal para que o acompanhasse, conduzindo-o a um ponto do corredor, onde desapareceu. Levado o fato ao conhecimento dos juízes, estes ordenaram que fossem feitas escavações no lugar e acabaram encontrando um esqueleto acorrentado. Deram-lhe honrosa sepultura e os fenômenos cessaram (Cartas, LVII, 27). Sócrates, Fílon e Plotino comunicavam-se com seus guias espirituais, a que chamavam “gênios”. Informa Cícero que seu amigo Apio conversava freqüentemente com os trespassados (“De Devinatione”). Plínio, o Antigo, narra que Tibério também se dava à prática de evocar e confabular com os Espíritos (“História”, XXX, 6). Pela mediunidade de Erato, a famosa mágica de Tessália, soube Sexto Pompeu de vários episódios que o interessavam (Lucano, “Pharsalia”).
           O historiador Cesar de Vesme, diante das pesquisas etnográficas, assegura que entre os selvagens a crença na sobrevivência e manifestação dos Espíritos “se impôs, bon gré, mal gré, independente de seus desejos, pela observação dos fatos” (“História do Espiritualismo Experimental”).
           Lapponi, escritor católico, em “Hipnotismo e Espiritismo”, diz que “desde tempos remotíssimos se tem acreditado e se acredita nas relações reais entre os homens ainda vivos e os defuntos, bem como entre aqueles e outros seres imateriais de ordem superior. E a justificação de tais crenças, em todos os séculos, está ligada a narrativas imemoriais de fatos maravilhosos”. (Os grifos são nossos.)
           Referindo-se aos fenômenos espiríticos, observa William James, notável filósofo norte-americano, que foi professor na Universidade de Harvard:
            “A Fisiologia nada quer com eles. A Psicologia ortodoxa lhes vira as costas. A Medicina os expulsa; ou, quando muito, se está em veia de anedotas, citam-se alguns casos como efeitos da imaginação. Entrementes, os fenômenos aí estão, vastamente espalhados em toda a extensão da História. Abri-a à página que quiserdes e achareis muitas coisas narradas sob os nomes de adivinhação, inspiração, possessão demoníaca, aparições, transes, estudos, curas miraculosas, malefícios, feitiçarias.
            Supõe-se que a mediunidade é originária de Rochester, USA, e que o magnetismo animal data de Mesmer; mas, perlustrai um dia o avesso das páginas da história oficial, consultai as memórias, os documentos legais, as legendas, e os livros de anedotas populares, e vereis que não existe época em que esses fatos não deixem de ter sido tão abundantemente relatados como em nossos dias” (“Estudos e Reflexões de um Psiquista”).
            Maiores subsídios a respeito poderão ser encontrados em “A Evolução”, de Carlos lmbassahy, onde colhemos grande parte das citações feitas neste artigo.

Fonte: Reformador – Janeiro/1975


domingo, 13 de março de 2016

53. BIBLIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC

     
      Para todos aqueles que iniciam seus estudos quanto ao mundo espiritual ou têm curiosidade quanto a este tema, pretendo descortinar uma parte da vida e dos feitos do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec.
      Nascido em Lyon, na França que, no dia 3 de outubro de 1804, nasceu aquele que mais tarde devia ilustrar o pseudônimo de Allan Kardec (“Obras Completas” –Editora Opus, p. 1, 2ª edição especial, 1985).
     Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu às 19 horas, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail, magistrado, juiz, e Jeanne Duhamel, sua esposa, moradores de Lyon, rua Sala, 76 (“Obras Completas.” Allan Kardec. Editora Opus, p. 1).
     Seus primeiros estudos foram feitos na sua terra natal e completou a sua bagagem escolar na cidade de Yverdun (Suíça), onde estudou sob a direção do famoso mestre Pestalozzi, de quem recebeu grande influência. Inúmeras vezes, quando Pestalozzi era solicitado pelos governos, para criar institutos como o de Yvernun, confiava a Denizard Rivail o trabalho de substituí-lo na direção da escola. Bacharelou-se em letras e ciências e doutorou-se em Medicina, após completar todos os estudos médicos e defender brilhantemente sua tese. Conhecia e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol; tinha conhecimentos também do holandês e com facilidade podia expressar-se nesta língua. Foi isento do serviço militar e, depois de dois anos, fundou, em Paris, na rua Sèvres 35, uma escola idêntica à de Yverdun. Fizera sociedade com um tio, para esse empreendimento, irmão de sua mãe, o qual entrava como sócio capitalista. Encontrou destaque no mundo das letras e do ensino ao qual freqüentava, em Paris, vindo a conhecer a senhorita Amélie Boudet, a qual conquista o seu coração. Ela era filha de Julien Louis Boudet, antigo tabelião e proprietário, e de Julie Louise Seigneat de Lacombe. Amélie nasceu em Thias (Sena), em 23 de novembro de 1875. Denizard Rivail casa-se com ela no dia 6 de fevereiro de 1832. A senhorita Amélie Boudet era nove anos mais velha do que Rivail. Seu tio, que era sócio na escola que fundaram, era dominado pelo jogo levando essa instituição à falência. Fechado o instituto, Rivail liquidou as dívidas, fazendo a partilha do restante, recebendo cada um a quantia de 45 mil francos. O casal Denizard aplicou suas rendas no comércio de um dos seus amigos mais íntimos. Este realizou maus negócios, indo outra vez à falência, nada deixando aos credores.
         Rivail trabalhando duro, aproveitava a noite para escrever sobre gramática, aritmética, livros para estudo pedagógicos superiores; ao mesmo tempo traduzia obras inglesas e alemãs. Em sua casa organizava cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia. Escreveu: “Curso Prático e Teórico de Aritmética”, segundo o Método de Pestalozzi, com modificações, dois tomos em 1824; “Plano proposto para a melhoria da educação pública”, que assina como discípulo de Pestalozzi e em que expõe processos pedagógicos avançados em 1828. Escreveu os seguintes livros: “Qual o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?”, “Memória sobre estudos clássicos”, premiado pela Academia Real das Ciências, de Arras, em 1831; “Gramática francesa clássica” em 1831; “Manual dos exames para os certificados de habilitação: soluções racionais das perguntas e dos problemas de Aritmética e de Geometria”, em 1846; “Catecismo gramatical da língua francesa” em 1848; “Programa dos cursos ordinários de Química, Física, Astronomia e Fisiologia” em 1849; “Ditados normais (pontos) para exames na Municipalidade (Hotel-de-Ville) e na Sorbonne” (1849), obra escrita com a colaboração de Lévi-Alvarès. Escreveu ainda: “Questionário gramatical, literário e filosófico”, em colaboração com Lévi-Alvarès. Segundo informa André Moreil, várias de suas obras são adotadas pela Universidade da França. Era membro de inúmeras sociedades de sábios, especialmente da Academia Real d’Arras.

A PRIMEIRA INICIAÇÃO DE RIVAIL NO ESPIRITISMO

       Ainda jovem, no ano de 1823, Denizard Rivail demonstrava grande interesse pelo magnetismo animal, um movimento da época chamado também de mesmerismo, porque fora criado pelo médico alemão Francisco Antonio Mesmer (1733-1815), que morava em Paris desde 1778. No ano de 1853, quando as mesas girantes e dançantes vindas dos Estados Unidos invadiram a Europa, os adeptos do mesmerismo ou magnetistas de Paris logo quiseram explicar com suas teorias magnéticas este curioso fenômeno. No final do ano de 1854, o magnetista Fortier notificou a Rivail o fenômeno das mesas dançantes que se comunicavam, dizendo-lhe: Sabe o senhor da singular propriedade que acabam de descobrir no magnetismo? Parece que não são unicamente os indivíduos que magnetizam, mas também as mesas, que podemos fazer girar e andar a vontade. No ano de 1855, encontrou o Sr. Carlotti, um antigo amigo seu que tornou a lhe falar desses fenômenos cerca de uma hora com muito entusiasmo, o que lhe fez despertar novas idéias. No fim da conversa disse-lhe: Um dia serás um dos nossos. Respondeu-lhe: Não digo que não. Veremos mais tarde (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1160, 2ª edição especial, 1985).
      Em maio de 1858, Rivail foi à casa da Sra. Roger, encontrando com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Estavam presentes ali o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison que explicaram a ele aquelas manifestações. Rivail foi convidado a assistir às experiências que se realizavam na casa da Sra. Plainemaison, na rua Gange-Batelière, nº 18. O encontro foi marcado para terça-feira às oito horas da noite. Foi ali pela primeira vez que Rivail presenciou o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não houve mais dúvida nele. Numa das reuniões da Sra. Plainemaison, Rivail conheceu a família Baudin, que morava na rua Rochechouart, que o convidou para ir a sua casa para assistir às sessões semanais que se realizavam ali. Ele aceita o convite e, desde então, Rivail passa a ser muito assíduo à reuniões (“Obras Completas”, p. 1160).
       Uma noite, por intermédio de um médium, seu espírito pessoal lhe revelou que eles haviam vivido juntos em outra existência, no tempo dos Druidas, nas Gálias, e que seu nome era Allan Kardec (“Obras Completas.” Editora Opus, 2ª edição, 1985 p. 1). Em 1856, Kardec freqüentava sessões espíritas que eram feitas na rua Tiquetone, na residência do Sr. Roustan e da Srta. Japhet. No dia 25 de março deste ano, na casa do Sr. Baudin, sendo médium uma de suas filhas, Rivail aceita a revelação de ter como guia um espírito familiar chamado: A Verdade. Depois ficará sabendo que se trata do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que Jesus havia prometido enviar.
       Reuniu todas as informações que tinha sobre o espiritismo e codificou uma série de leis, publicando no dia 18 de abril de 1857 uma obra com o nome de: Le Livre des Espirits (“O Livro dos Espíritos”). Este livro alcançou grande repercussão, esgotando rapidamente a primeira edição. Allan Kardec fê-la reeditar no ano de 1858, neste mesmo ano em janeiro ele publica a Revue Spirite (“Revista Espírita”), o primeiro órgão espírita da França, e cuja existência ele assim justificou: Não se pode contestar a utilidade de um órgão especial, que mantenha o público a par desta nova ciência e o premuna contra os exageros, tanto da credulidade excessiva, como do ceticismo. É essa lacuna que nos propusemos preencher com a publicação desta revista, no intuito de oferecer um veículo de comunicação a todos aqueles que se interessam por essas questões e de vincular por um laço comum aqueles que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral, ou seja, a prática do bem e da caridade evangélica para com o próximo (“Espiritismo Básico.” Pedro Franco Barbosa, 2ª edição, FEB, p. 53).
        E em 1º de abril funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Editou ainda outros livros: “O Livro dos Médiuns”, que surgiu na primeira quinzena de janeiro de 1861, considerado como a obra mais importante sobre a prática do espiritismo experimental. Em 1862, publicou “Uma Refutação de Críticas contra o Espiritismo”; em abril de 1864, “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, que mais tarde foi alterado por o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, com explicações das parábolas de Jesus, aplicação e concordância da mesma com o espiritismo. Kardec interpreta os sermões e as parábolas de Jesus, fazendo de maneira que concordem com seus ensinos e com as crenças espíritas e animistas que sempre existiram. Em 1º de agosto de 1865, lançou nova obra com o título de “O Céu e o Inferno” ou a “Justiça Divina Segundo o Espiritismo”; em janeiro de 1868, a “Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”, com a qual completa a codificação da doutrina espírita e o nome de Allan Kardec passa a figurar no Novo Dicionário Universal, de Lachâtre, como filósofo.
        Hippolyte Léon Denizard Rivail – Allan Kardec – morreu em Paris, na rua Santana, 25 (Galeria Santana, 59), no dia 31 de março de 1869, com 65 anos de idade, sucumbindo pela ruptura de um aneurisma. A senhora Rivail contava com 74 anos quando seu esposo morreu. Sobreviveu até 1883, morrendo em 21 de janeiro, com a idade de 89 anos sem deixar herdeiros diretos.